sexta-feira, 23 de março de 2012

Auriculoterapia - Auriculopuntura - Acupuntura Auricular


Estes três termos do título servem para designar uma técnica que, embora tenha diferentes métodos para ser executada, objetiva e tem como finalidade o mesmo princípio: a utilização da orelha para tratar desordens (sinais, sintomas) no corpo humano e também em animais.
A utilização da Auriculoterapia como forma de tratamento retrocede à antiguidade e tem apresentado maior divulgação em relação à acupuntura sistêmica na Europa antiga e no Oriente Médio. Há indícios que no antigo Egito, mulheres faziam uso de pontos auriculares como forma de contracepção (Souza, 2007).
Historicamente registros apontam para uma obra de Hipócrates, considerado o pai da medicina, denominada a Geração, nesta obra, a descrição de cauterizações no dorso da orelha levaria o paciente à prática sexual infecunda (Nogier, 2006). Hipócrates na obra “O livro das Epidemias”, indicava punção com estiletes nos vasos auriculares para o tratamento de processos inflamatórios (Souza, 2007). A indicação de cortes nos vasos sanguíneos da parte posterior da orelha para curar a impotência sexual e a esterilidade masculina foi defendida pelo médico grego Cipecladis (Nogier, 2006).



Os termos se distinguem enquanto  as linhas que representam: a Auriculopuntura ou Acupuntura Auricular Chinesa e Auriculoterapia para a Francesa, haverá também uma diferença cartográfica para os pontos embora a finalidade seja a mesma. A paternidade moderna é indiscutivelmente francesa, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde, graças ao trabalho do clínico Paul Nogier que tem a sua prioridade e importância reconhecidas pela China. Sua primeira publicação realizou-se em 1956 por intermédio do boletim de Acupuntura da França e chegou até a China na época da revolução cultural, por volta de 1958.
O pavilhão auricular mantém relações com os órgãos e regiões do corpo através de reflexos cerebrais, a inervação é tríplice e constituída pelos nervos: trigêmeo, vago e plexo cervical superficial, há evidências da participação dos ramos dos nervos facial e glossofaríngeo (figura abaixo). De acordo com a filogenética, os pontos auriculares partem do centro para a periferia, no centro está localizado o sistema nervoso autônomo e na periferia encontra-se o sistema nervoso central.



A transmissão do sinal através de um estímulo periférico vai até o tálamo, passa através do cerebelo, do tronco cerebral, encéfalo e a todos os núcleos cerebrais. Este evento torna a Auriculoterapia compatível e indicada como forma de tratamento para as diversas enfermidades existentes.
NOGIER
Nogier (2006) defende que os pontos da Auriculoterapia diferenciam-se dos pontos da Acupuntura Sistêmica, pois são coordenados por um sistema flutuante e estão sujeitos às condições climáticas e estado geral do paciente, ou seja, não há uma ação homolateral manifesta sendo esta cruzada ou às vezes atua no mesmo sentido, se esperaria a manifestação do ponto.

Para Souza (2007) os pontos seguem uma simetria nítida e definida em eixos verticais, horizontais e diagonais, tal simetria é explicada pela disposição anatômica, dos vasos sanguíneos que a irrigam e dos feixes nervosos que se espalham ao longo do pavilhão. Desta forma os pontos seriam pré-definidos e indicados por correspondência a atuar sobre o órgão ou região, também defende a existência de pontos que devem manter a denominação chinesa, como o Shenmen, devido à ausência de significado na linguagem ocidental que sintetize o termo.
A medicina tradicional chinesa alega que a energia responsável pela nutrição do canal da orelha penetra diretamente nela por meio dos pontos de acupuntura do canal unitário Shao Yang (Triplo Aquecedor e Vesícula Biliar), bem como do canal principal do Gan (Fígado). A exata localização dos pontos auriculares e suas funções energéticas, bem como a anatomia da orelha, são indispensáveis para o tratamento (YAMAMURA, 2001).
Geralmente estimula-se os pontos com agulhas semi-permanentes e sementes protegidas com fita micropore por um prazo estabelecido pelo profissional. As agulhas são pequenas e possuem diâmetros distintos para sedar ou estimular os pontos, conforme a técnica empregada, as sementes comumente utilizadas são grãos de mostarda ou de Aprico.
Pessoalmente, utilizo sementes em pacientes mais sensíveis ou em crianças, pois as sementes precisam ser apertadas e neste processo podem sair do ponto ou caírem mais facilmente do que as agulhas ,que estimulam de maneira mais intensa e constante os pontos.
Existe a possibilidade da utilização de esferas dos mais variados materiais, disponíveis no mercado, aparelhos que são capazes de localizar os pontos através da mensuração da diferença de potencial elétrico, e também, instrumentos para estimular os pontos auriculares, como o laser e a Cromopuntura.


CROMOPUNTURA

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

NOGIER, R.; BOUCINHAS, J. C. Prática fácil de auriculoterapia e auriculomedicina, 3ª ed., São Paulo: Ícone, 2006. 123p.

SOUZA, M. P. Tratado de Auriculoterapia, Brasília/DF: Novo horizonte, 2007. 358p.

YAMAMURA, Y. Acupuntura Tradicional Chinesa: A arte de inserir, São Paulo: Roca, 2ª ed., 2001, 919p.