Estes três termos do título servem para designar uma técnica
que, embora tenha diferentes métodos para ser executada, objetiva e tem como
finalidade o mesmo princípio:
a utilização da orelha para tratar desordens (sinais, sintomas) no corpo humano
e também em animais.
A utilização da Auriculoterapia como forma de tratamento
retrocede à antiguidade e tem apresentado maior divulgação em relação à
acupuntura sistêmica na Europa antiga e no Oriente Médio. Há indícios que no
antigo Egito, mulheres faziam uso de pontos auriculares como forma de
contracepção (Souza, 2007).
Historicamente registros apontam para uma obra de
Hipócrates, considerado o pai da medicina, denominada a Geração, nesta obra, a
descrição de cauterizações no dorso da orelha levaria o paciente à prática sexual
infecunda (Nogier, 2006). Hipócrates na obra “O livro das Epidemias”, indicava
punção com estiletes nos vasos auriculares para o tratamento de processos
inflamatórios (Souza, 2007). A indicação de cortes nos vasos sanguíneos da
parte posterior da orelha para curar a impotência sexual e a esterilidade
masculina foi defendida pelo médico grego Cipecladis (Nogier, 2006).
Os termos se distinguem enquanto as linhas que
representam: a Auriculopuntura ou Acupuntura Auricular Chinesa e Auriculoterapia para a Francesa, haverá também uma
diferença cartográfica para os pontos embora a finalidade seja a mesma. A
paternidade moderna é indiscutivelmente francesa, reconhecida pela
Organização Mundial de Saúde, graças ao trabalho do clínico Paul Nogier que tem
a sua prioridade e importância reconhecidas pela China. Sua primeira publicação
realizou-se em 1956 por intermédio do boletim de Acupuntura da França e chegou
até a China na época da revolução cultural, por volta de 1958.
O pavilhão auricular mantém relações com os órgãos e
regiões do corpo através de
reflexos cerebrais, a inervação é tríplice e constituída pelos nervos:
trigêmeo, vago e plexo cervical superficial, há evidências da participação dos
ramos dos nervos facial e glossofaríngeo (figura abaixo). De acordo com a
filogenética, os pontos auriculares partem do centro para a periferia, no
centro está localizado o sistema nervoso autônomo e na periferia encontra-se o
sistema nervoso central.
A transmissão do sinal através de um estímulo periférico vai
até o tálamo, passa através do cerebelo, do tronco cerebral, encéfalo e a todos
os núcleos cerebrais. Este evento torna a Auriculoterapia compatível e indicada
como forma de tratamento para as diversas enfermidades existentes.
NOGIER |
Nogier (2006) defende que os pontos da Auriculoterapia
diferenciam-se dos pontos da Acupuntura Sistêmica, pois são coordenados por um
sistema flutuante e estão sujeitos às condições climáticas e estado geral do
paciente, ou seja, não há uma ação homolateral manifesta sendo esta cruzada ou
às vezes atua no mesmo sentido, se esperaria a manifestação do ponto.
Para Souza (2007) os pontos seguem uma simetria nítida e
definida em eixos verticais, horizontais e diagonais, tal simetria é explicada
pela disposição anatômica, dos vasos sanguíneos que a irrigam e dos feixes
nervosos que se espalham ao longo do pavilhão. Desta forma os pontos seriam
pré-definidos e indicados por correspondência a atuar sobre o órgão ou região,
também defende a existência de pontos que devem manter a denominação chinesa,
como o Shenmen, devido à
ausência de significado na linguagem ocidental que sintetize o termo.
A medicina tradicional chinesa alega que a energia
responsável pela nutrição do canal da orelha penetra diretamente nela por meio
dos pontos de acupuntura do canal unitário Shao
Yang (Triplo Aquecedor e
Vesícula Biliar), bem como do canal principal do Gan (Fígado). A exata localização dos
pontos auriculares e suas funções energéticas, bem como a anatomia da orelha,
são indispensáveis para o tratamento (YAMAMURA, 2001).
Geralmente estimula-se os pontos com agulhas
semi-permanentes e sementes protegidas com fita micropore por um prazo
estabelecido pelo profissional. As agulhas são pequenas e possuem diâmetros
distintos para sedar ou estimular os pontos, conforme a técnica empregada, as
sementes comumente utilizadas são grãos de mostarda ou de Aprico.
Pessoalmente, utilizo sementes em pacientes mais sensíveis
ou em crianças, pois as sementes precisam ser apertadas e neste processo podem
sair do ponto ou caírem mais facilmente do que as agulhas ,que estimulam de
maneira mais intensa e constante os pontos.
Existe a possibilidade da utilização de esferas dos mais
variados materiais, disponíveis no mercado, aparelhos que são capazes de
localizar os pontos através da mensuração da diferença de potencial elétrico, e
também, instrumentos para estimular os pontos auriculares, como o laser e a
Cromopuntura.
CROMOPUNTURA |
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
NOGIER, R.; BOUCINHAS, J. C. Prática fácil de auriculoterapia e auriculomedicina, 3ª ed., São Paulo: Ícone, 2006. 123p.
SOUZA, M. P. Tratado de Auriculoterapia, Brasília/DF: Novo horizonte, 2007. 358p.
YAMAMURA, Y. Acupuntura Tradicional Chinesa: A arte de inserir, São Paulo: Roca, 2ª ed., 2001, 919p.